Saúde
Infertilidade masculina: por que o homem também deve ser avaliado?
dr.online

A dificuldade para engravidar é uma realidade enfrentada por muitos casais. Cerca de 1 a cada 5 que tentam terão o diagnóstico de infertilidade definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS): ausência de gravidez após 12 meses de relações sexuais regulares, sem proteção e bem distribuídas ao longo do mês. E, ao contrário do que muitos imaginam, o homem é responsável por cerca de 40% a 50% dos casos de infertilidade.
Por que o homem deve ser avaliado?
Historicamente, a investigação da infertilidade costuma começar pela mulher. No entanto, a avaliação masculina é essencial para entender o quadro completo do casal e pode evitar a necessidade de exames mais invasivos na parceira. Ignorar essa etapa pode atrasar o diagnóstico e a indicação do tratamento adequado. A infertilidade masculina pode estar relacionada a fatores genéticos, hormonais, anatômicos, infecções, estilo de vida e até mesmo à exposição a substâncias tóxicas.
O espermograma: exame fundamental
O espermograma é o principal exame para avaliar o potencial de fertilidade masculina. Mesmo se você já teve filhos, precisa fazer esse exame. Ele analisa a quantidade, qualidade, motilidade (movimento) e morfologia (forma) dos espermatozoides presentes no sêmen. Essas características podem ser a razão que justifica uma não obtenção da gestação ou dificuldade para que ocorra. Achar os fatores que influenciam é o desafio do médico para poder melhorar a qualidade do sêmen, porém nem todos são tratáveis.
Como é feita a coleta do exame?
- A coleta é realizada por masturbação, sem uso de lubrificante ou saliva, preferencialmente no próprio laboratório, em ambiente reservado.
- É necessário abstinência sexual de 2 a 5 dias antes do exame.
- A amostra deve ser colhida em frasco estéril.
E quais são as principais causas de infertilidade masculina?
Diversos fatores podem afetar a fertilidade do homem. Os mais comuns incluem:
- Varicocele: dilatação das veias testiculares que aumenta a temperatura local e prejudica a produção de espermatozoides. É a causa mais frequente, presente em até 40% dos casos de infertilidade primária (casal não tem filhos) e cerca de 80% dos casos secundários (casal já tem filhos).
- Alterações hormonais: como deficiência de testosterona ou desequilíbrios de hormônios produzidos no cérebro (FSH e LH).
- Infecções: como clamídia, gonorreia ou caxumba com orquite.
- Obstruções nos canais deferentes: impedem o transporte dos espermatozoides (doenças secundárias a infecções, cistos ou congênitas).
- Uso de anabolizantes, álcool, tabaco e drogas ilícitas.
- Exposição a toxinas ambientais, como pesticidas e metais pesados.
- Doenças genéticas ou autoimunes.
Quando procurar ajuda?
Se o casal está tentando engravidar há mais de um ano (ou seis meses, no caso de mulheres com mais de 35 anos; ou imediato quando tem fator que causa infertilidade ou parceira com mais de 40 anos), é hora de buscar avaliação médica. A investigação deve ser feita em conjunto, com exames tanto para o homem quanto para a mulher. Assim, uma avaliação urológica é indispensável no contexto de infertilidade.

Dr. Henrique Vieira – Urologia e Reprodução
CRM 210376 |RQE 84117
É Médico Urologista, mestre pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM) e membro da Sociedade Brasileira de Urologia. Atua com foco em saúde reprodutiva e cuidado integral do homem, integrando prática clínica, ensino e pesquisa. É chefe e preceptor do Serviço de Urologia do Hospital Militar de Área de São Paulo e urologista na GAVVA Clínica.